quinta-feira, 25 de março de 2010
A TURMA DA MÔNICA E SEUS PERSONAGENS INCLUSIVOS
quarta-feira, 24 de março de 2010
O PAPEL DA BRINCADEIRA SIMBÓLICA NA CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES POSITIVAS COM AS DIFERENÇAS
sexta-feira, 19 de março de 2010
DIVERSOS OLHARES E UM ÚNICO FOCO : DESENVOLVIMENTO HUMANO E DIVERSIDADE
Queremos apresentar neste texto, alguns estudos que expõe diferentes ponderações sobre algumas idéias de autores que ao longo de seus trabalhos, exploraram problemas que hoje estão sendo discutidos e repensados em virtude da inclusão social e do respeito às diferenças.
Para começar, o conhecido e renomado Vigotsky em seus trabalhos realizados no período de 1924 a 1931, já direcionava um olhar focado às necessidades e possibilidades implicadas no desenvolvimento e educação dos sujeitos com deficiência. Na realidade, essas ponderações têm sido pouco divulgadas e discutidas no Brasil, em relação aos seus outros trabalhos e teses gerais, bem mais conhecidas pelos profissionais da educação.
Como bem sabemos, para Vigotsky é importante considerar que a vida social está marcadamente organizada para as condições de desenvolvimento humano. A imersão da criança na cultura depende das condições oferecidas pelo meio em que vive. Por essa razão, "(...)Diante da condição de deficiência é preciso criar formas culturais singulares, que permitam mobilizar as forças compensatórias e criar caminhos alternativos de desenvolvimento, que implicam o uso de recursos especiais."
Para ele, o déficit orgânico não pode ser ignorado, mas é a vida social que abre possibilidades ilimitadas de desenvolvimento cultural. Esta questão apresentada nos faz pensar, sobre a importância de respeitar a singularidade de cada um, pois a criança pode ter alguma deficiência mental, por exemplo, mas é a sua inserção social e a peculiaridade do atendimento educacional que lhe proporcionará experiências e a diferenciará de outros pessoas, inclusive das mesmas que apresentam igual deficiência diagnosticada.
Vigotsky apresenta em seus estudos muitas críticas aos modelos equivocados de educação, diagnóstico e classificação dos sujeitos com deficiência, que na verdade, a seu ver, servem apenas para determinar níveis de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que negligencia os aspectos dinâmicos do desenvolvimento e as potencialidades e talentos das crianças, enfatizando o direito de todos em aprender as mesmas coisas e receber a mesma preparação para a vida futura, independente do nível de aprendizagem que cada um pode alcançar.
Após tantas décadas de divulgação e circulação dos estudos de Vigotsky, percebe-se, ainda que recentemente, avanços em termos de legislação e discurso, mas sabemos o quanto precisamos buscar indicadores que possam concretizar transformações mais significativas para que a inclusão social aconteça de fato.
Atualmente existem muitos estudos e contribuições que nos ajudam a refletir sobre o tema e fazendo uma análise, é possível identificar o mesmo foco das propostas de Vigotsky, como por exemplo, no caso da autora Lígia Assumpção Amaral, que considera o preconceito produto do desconhecimento que faz as pessoas desconsiderar aquilo que não conhecem: "(...) Devemos trazer para o campo do estudo das diferenças a questão da deficiência com toda sua amplitude de peculiaridades."Segundo ela, a generalização reduz o entendimento e "gera o empobrecimento da compreensão."Geralmente, o entendimento acerca das questões humanas se dá de forma totalizante e padronizante, como se todos fossem iguais e tivessem características idênticas, sem diferenciações. A autora também aborda os significados da diferenciação trazidos visivelmente pelos portadore de deficiências: "(...) o deficiente é a própria encarnação da assimetria, do desequilíbrio, das disfunções. Assim sua desfiguração, sua mutilação, ameaça intrinsecamente a existência do outro."
Nesta mesma linha, Maria Teresa Eglér Mantoan defende que "(...) Quando entendemos que não é a universalidade da espécie que define um sujeito, mas as suas peculiaridades, ligadas a sexo, etnia, origem e crenças, tratar as pessoas diferentemente pode enfatizar suas diferenças, assim como tratar igualmente os diferentes pode esconder as suas especificidades e excluí-las do mesmo modo e, assim sendo, ser gente é correr o risco de ser diferente."
Para ela, o dilema está em mostrar ou esconder as diferenças... "Porque a diferença é difícil de ser negada, recusada, desvalorizada. Se ela é recusada há que assimilá-la ao igualitarismo essencialista e , se aceita e valorizada, há que mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem se firmado até agora."
Segundo Idília Fernandes: "Todas as pessoas são diferentes umas das outras, incompletas, imperfeitas e assim se faz à caracterização de seres humanos, em um dia-a-dia com inúmeras 'restrições impeditivas'. Espera-se que o trabalho com as diferenças sirva para desiventar os empecilhos que restringem a expressão da vida e para desmontar o mito da perfeição, que se estiver presente nos 'céus', não o estará na Terra, por certo."
A diversidade está posta em nossas realidades e positivá-la é um dos desafios educacionais mais nobres e emergenciais dos nossos tempos. Wagner de Angeli Ferraz alerta sobre esta necessidade: "Pensar a educação é pensar a diferença. Toda ação é investimento de desejo, expressão, diferença. Em que aspecto somos iguais? Na diferença. Na escola, como em casa, nas praças , nas ruas a diversidade é o que há. Não há outra coisa senão a diversidade. Dito isto, a diferença apresenta-se como elemento fundamental da educação e condição para pensar a inclusão. Neste sentido, acolher a diversidade em sala de aula é um desafio. É preciso despir-se dos pré-conceitos que rondam o imaginário social, da psicologização estigmatizante que permeia as escolas, dos discursos teóricos-metodológicos que corroboram políticas públicas ineficientes e populistas, em suma, requer uma mudança de perspectiva do educador."
Sim, tantos olhares sobre o desenvolvimento humano e a diversidade realmente exigem "uma mudança de perspectiva do educador", que de fato precisa posicionar-se diante do desafio imposto pelo trabalho com as diferenças, pois não há como ser neutro ou indiferente, temos de definir nossos conceitos, redimensionando nossos objetivos e consequentemente qualificando nossas ações.
Fontes de nossas pesquisas:
AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença/deficiência. Brasília: CORDE, 1994.
FERNANDES, Idília. "A diversidade da condição humana e a deficiência do conhecimento: no convívio com as diferenças e as singularidades individuais."Revista Virtual Textos & Contextos, n° 2, dez/2003.
Disponível : http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/960/740
FERRAZ, Wagner de Angeli. "Inclusão - Uma alternativa ética" in Pátio - Educação Infantil. Ano III- n° 9 - Novembro 2005/Fevereiro 2006. Editora Artmed.
GOES, Maria Cecilia Rafael de. Relações entre desenvolvimento humano, deficiência e educação: Contribuições da abordagem histórico-cultural. In: M. K. Oliveira, D. T. R. Souza. T. C. Rêgo (Org) Psicologia, Educação e as Temáticas da Vida Contemporânea. 1.ed. São Paulo: Moderna, 2002.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Igualdade e diferença na escola - como andar no fio da navalha.
Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/interacao/article/viewArticle/1253
segunda-feira, 15 de março de 2010
INDICAÇÃO DE LIVRO: UM MUNDINHO PARA TODOS
domingo, 14 de março de 2010
POR QUE É IMPORTANTE QUE AS CRIANÇAS APRENDAM A CONVIVER COM A DIVERSIDADE?
Primeiramente, se considerarmos que as crianças são sujeitos pertencentes a um determinado grupo social, vivendo no tempo real e produtores de sua própria história, é preciso reconhecer que elas desde muito cedo, reproduzem e manifestam preconceitos existentes nas relações que vivenciam.
Sabemos que existe hoje um forte movimento formativo que tem visado à busca por mudanças das concepções de criança e infância presentes no contexto escolar. Por outro lado, evidencia-se cada vez mais a falta de preparo que os profissionais da educação têm demonstrado para lidar com os problemas relacionados aos preconceitos e desigualdades existentes por acreditar que as crianças são "puras e ingênuas", desprovidas de condições para discutir tais assuntos de tamanha complexidade.
A falta de medidas e de um planejamento mais efetivo tem dificultado ainda mais o processo de democratização das relações e consequentemente o acolhimento da diversidade cultural presentes nas relações humanas. É importante ressaltar que respeito é ensinado e aprendido, portanto se em termos de políticas públicas fosse oferecido aos nossos alunos uma educação de melhor qualidade, obedecendo às adaptações curriculares necessárias, na perspectiva da idealizada "escola para todos", certamente estaria se ensinando muito sobre aprender a respeitar e ser respeitado.
Atendimento de qualidade significa entre outros fatores, olhar para as singularidades , peculiaridades e história de cada um, sem perder de vista a construção da coletividade. Formar cidadãos éticos é responsabilidade da escola, na medida em que este espaço apresenta experiências de convívio diferentes das que existem em outros ambientes que a criança costuma frequentar. O trabalho desenvolvido referentes às questões relacionados a convívio social pode se dar de forma simples ou complexa, não necessariamente um conteúdo didático como sugere os Parâmetros Curriculares Nacionais quando menciona a transversalidade de diversos temas, mas principalmente no cuidado para que os conflitos e situações do cotidiano não passem despercebidos por nós educadores.
O pontapé inicial para o reconhecimento da importância deste trabalho é a conscientização de que existe uma necessidade real de ensinar, aprender e conviver, pois o desgaste das relações e a confusão sobre o que tem fundamentado nossos valores está se tornando cada vez mais caótico. É fundamental para quem trabalha na educação, acreditar que ainda há tempo de construir novos paradigmas.
Para nos darmos conta de já que fomos piores do que somos, vale lembrar que há mais ou menos cem anos atrás, a escravidão era considerada normal, bem como há duas décadas pessoas com deficiência eram confinadas em espaços fechados e banidas de convívio social.
O discurso já conhecemos bem... Mas, enquanto espécie, a humanidade ainda tem muito a aprimorar, principalmente o povo brasileiro que não se considera racista e preconceituoso , e ingenuamente acredita que o país é uma grande democracia.
terça-feira, 9 de março de 2010
CIDADANIA PASSIVA OU ATIVA? QUAL DELAS VOCÊ PROMOVE?
A idéia de cidadania geralmente está associada a pessoa que sabe reivindicar direitos enquanto consumidora e pagadora de impostos, cumprindo cegamente aquilo que está legitimado como os deveres que se deve cumprir. Em primeira análise, parece tratar-se de uma postura irrepreensível. Mas, em que medida a cidadania pode representar muito mais do que isso? O autor Clodoaldo Meneguello Cardoso faz uma oposição interessante entre dois tipo de cidadania: a passiva e a ativa. Na cidadania passiva a "noção de cidadania está apenas associada aos deveres e direitos do indivíduo na vida coletiva". Sim, o foco é o indivíduo, ou seja, a esfera individualista sublima-se, pois nesta perspectiva só se reivindica quando algo nos afeta diretamente e só se destaca nossa obrigação individual e não coletiva. Formam-se assim os cidadãos que na linguagem popular "só olham para seus próprios umbigos", ou seja, ficam tão centrados em si mesmos que nem ao menos se reconhecem como parte de um coletivo ou não tem a dimensão da força que a coletividade pode ter na sociedade.
E em que ponto a Escola, enquanto instituição social, reforça a perspectiva desta cidadania passiva? Quando os educadores ( o que compreende não apenas os professores, mas todos aqueles que trabalham dentro do ambiente escolar) só destacam a cidadania como sinônimo de cumprimento de deveres pré-estabelecidos há uma limitação do que a cidadania realmente pode ser. O "não pode" e o "não deve" muitos vezes até fica sem explicação mais concreta: "não pode porque não pode" e o "não deve porque não deve e ponto final!". É aquela típica explicação que certo personagem de um programa infantil rebatia: "Por que sim não é resposta!". A tendência é que os direitos e deveres só apareçam como esferas prontas, sem discussão do que eles realmente implicam. Discuti-los e até questioná-los é quase um tabu! Mas como esperamos que as crianças ou mesmo os adolescentes entendam o sentido da coletividade se o tempo todo só lhes é reforçado suas obrigações individuais, sem apresentar-lhes sua esfera de atitude participativa na sociedade? Sim, os discursos prontos de ideais que a escola veicula corroboram com a cidadania passiva e quem nunca os utilizou que atire a primeira pedra...
E como é que se trabalha na perspectiva de uma cidadania ativa? O próprio termo ativa já implica a idéia de sair do estado de resignação em prol de ação, no caso a participação na vida da sociedade. Então, não há como ser neutro, toda cidadania é em si política, pois pressupõe participação nos assuntos de ordem pública. E outro erro recorrente é o de considerar que não há cidadania na infância, que a escola está preparando a criança e o adolescente para ser o cidadão do futuro. O ser humano enquanto viver está em constante processo de formação, nunca cessa a capacidade de aprender. Obviamente, em cada fase as características e habilidades são diferentes, mas há de se destacar ser a experiência humana a grande formadora de valores para a vida em sociedade. Esta experiência humana deve ser valorizada, pois lidamos com sujeitos pensantes que são capazes de raciocinar sobre o que vivenciam, entendendo a dinâmica dos grupos a que pertencem. E o coletivo da escola é rico em oportunidades para que as crianças e adolescentes percebam que é possível participar de decisões, que é preciso refletir sobre pensamentos e atitudes e não simplesmente reproduzir o que está posto como certo ou errado. Em outras palavras, ainda vive-se o conflito de superar a idéia que a educação bancária arraigou por muitos anos na educação, de que os alunos são uma folha em branco, uma tábua rasa em que se deve depositar o máximo possível de conhecimentos para prepará-los para a vida adulta. Este conceito de infância como fase preparatória está vivo na sociedade, mais existe sim cidadania na infância! E mais uma vez está nas mãos dos educadores combaterem tal idéia arraigada, proporcionando momentos de decisões coletivas, refletindo sobre pensamentos, atitudes e ações, ou seja, promovendo a quebra do senso comum em prol do desenvolvimento da criticidade desde a infância.
Referência do autor citado: CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Fundamentos para Educação na Diversidade. in. MARANHE. E. A; MORAES. M.R.S. (Orgs). Introdução Conceitual para Educação na Diversidade e Cidadania. Coleção UNESP - SECAD- UAB. São Paulo: UNESP. 2009. v.2.
domingo, 7 de março de 2010
AFINAL, O QUE É NORMAL?
Diante da ilustração de Francesco Tonucci (do livro "Com Olhos de Criança"- Ed. Artmed) é inevitável negar o quanto cada um de nós é "especialista" em tecer juízos de valores sobre os outros. Juízos que em geral são taxativos e comparativos. E se fazemos comparações partimos de um príncipio, de um suposto modelo ou padrão do que consideramos "certo" ou "normal". De fato as relações humanas encontram-se permeadas de "expectativas" construídas em relação ao outro. Nossas expectativas, em geral, orientam-se pelo desejo de encontrar no outro algo que nos aproxime, ou seja, quanto mais semelhanças este outro tiver conosco, melhor.