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terça-feira, 9 de março de 2010

CIDADANIA PASSIVA OU ATIVA? QUAL DELAS VOCÊ PROMOVE?

A idéia de cidadania geralmente está associada a pessoa que sabe reivindicar direitos enquanto consumidora e pagadora de impostos, cumprindo cegamente aquilo que está legitimado como os deveres que se deve cumprir. Em primeira análise, parece tratar-se de uma postura irrepreensível. Mas, em que medida a cidadania pode representar muito mais do que isso? O autor Clodoaldo Meneguello Cardoso faz uma oposição interessante entre dois tipo de cidadania: a passiva e a ativa. Na cidadania passiva a "noção de cidadania está apenas associada aos deveres e direitos do indivíduo na vida coletiva". Sim, o foco é o indivíduo, ou seja, a esfera individualista sublima-se, pois nesta perspectiva só se reivindica quando algo nos afeta diretamente e só se destaca nossa obrigação individual e não coletiva. Formam-se assim os cidadãos que na linguagem popular "só olham para seus próprios umbigos", ou seja, ficam tão centrados em si mesmos que nem ao menos se reconhecem como parte de um coletivo ou não tem a dimensão da força que a coletividade pode ter na sociedade.

E em que ponto a Escola, enquanto instituição social, reforça a perspectiva desta cidadania passiva? Quando os educadores ( o que compreende não apenas os professores, mas todos aqueles que trabalham dentro do ambiente escolar) só destacam a cidadania como sinônimo de cumprimento de deveres pré-estabelecidos há uma limitação do que a cidadania realmente pode ser. O "não pode" e o "não deve" muitos vezes até fica sem explicação mais concreta: "não pode porque não pode" e o "não deve porque não deve e ponto final!". É aquela típica explicação que certo personagem de um programa infantil rebatia: "Por que sim não é resposta!". A tendência é que os direitos e deveres só apareçam como esferas prontas, sem discussão do que eles realmente implicam. Discuti-los e até questioná-los é quase um tabu! Mas como esperamos que as crianças ou mesmo os adolescentes entendam o sentido da coletividade se o tempo todo só lhes é reforçado suas obrigações individuais, sem apresentar-lhes sua esfera de atitude participativa na sociedade? Sim, os discursos prontos de ideais que a escola veicula corroboram com a cidadania passiva e quem nunca os utilizou que atire a primeira pedra...

E como é que se trabalha na perspectiva de uma cidadania ativa? O próprio termo ativa já implica a idéia de sair do estado de resignação em prol de ação, no caso a participação na vida da sociedade. Então, não há como ser neutro, toda cidadania é em si política, pois pressupõe participação nos assuntos de ordem pública. E outro erro recorrente é o de considerar que não há cidadania na infância, que a escola está preparando a criança e o adolescente para ser o cidadão do futuro. O ser humano enquanto viver está em constante processo de formação, nunca cessa a capacidade de aprender. Obviamente, em cada fase as características e habilidades são diferentes, mas há de se destacar ser a experiência humana a grande formadora de valores para a vida em sociedade. Esta experiência humana deve ser valorizada, pois lidamos com sujeitos pensantes que são capazes de raciocinar sobre o que vivenciam, entendendo a dinâmica dos grupos a que pertencem. E o coletivo da escola é rico em oportunidades para que as crianças e adolescentes percebam que é possível participar de decisões, que é preciso refletir sobre pensamentos e atitudes e não simplesmente reproduzir o que está posto como certo ou errado. Em outras palavras, ainda vive-se o conflito de superar a idéia que a educação bancária arraigou por muitos anos na educação, de que os alunos são uma folha em branco, uma tábua rasa em que se deve depositar o máximo possível de conhecimentos para prepará-los para a vida adulta. Este conceito de infância como fase preparatória está vivo na sociedade, mais existe sim cidadania na infância! E mais uma vez está nas mãos dos educadores combaterem tal idéia arraigada, proporcionando momentos de decisões coletivas, refletindo sobre pensamentos, atitudes e ações, ou seja, promovendo a quebra do senso comum em prol do desenvolvimento da criticidade desde a infância.

Referência do autor citado: CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Fundamentos para Educação na Diversidade. in. MARANHE. E. A; MORAES. M.R.S. (Orgs). Introdução Conceitual para Educação na Diversidade e Cidadania. Coleção UNESP - SECAD- UAB. São Paulo: UNESP. 2009. v.2.

4 comentários:

  1. o que vc entende por cidadania ativa?

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    1. Acredito eu que pensar no bem coletivo e suas implicações no meio social seja praticar a cidadania ativa, visto que minhas ações são reflexo do meio social que desejo.

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    2. Certamente é o início do processo, as mudanças hão de começar primeiramente em nós!

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    3. Certamente é o início do processo, as mudanças hão de começar primeiramente em nós!

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