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domingo, 7 de março de 2010

AFINAL, O QUE É NORMAL?


Diante da ilustração de Francesco Tonucci (do livro "Com Olhos de Criança"- Ed. Artmed) é inevitável negar o quanto cada um de nós é "especialista" em tecer juízos de valores sobre os outros. Juízos que em geral são taxativos e comparativos. E se fazemos comparações partimos de um príncipio, de um suposto modelo ou padrão do que consideramos "certo" ou "normal". De fato as relações humanas encontram-se permeadas de "expectativas" construídas em relação ao outro. Nossas expectativas, em geral, orientam-se pelo desejo de encontrar no outro algo que nos aproxime, ou seja, quanto mais semelhanças este outro tiver conosco, melhor.

Historicamente, culturalmente e socialmente a visão sobre as diferenças é predominantemente negativa. O destoante tende a ser rechaçado, ignorado e até eliminado do convívio desejável. Há de se reconhecer que o diferente realmente gera desconforto e estranheza. O modelo de sociedade em que fomos educados e construímos nossa identidade não nos acostumou, nem nos preparou, para conviver com as diferenças. Aliás, em termos de convivência, aprendemos a desenvolver uma aparente tolerância... Um tolerar bem limitado e ainda centrado em nossa visão do que é normal, como se fosse uma grande demonstração de bondade da nossa parte tolerar, suportar e aceitar o diferente.
Bem, o primeiro passo para superarmos visões tendenciosas e discriminatórias é reconhecer-nos como seres altamente preconceituosos. As consequências do preconceito são devastadoras em qualquer campo e instância social, mas ele torna-se muito pior se é construído e disseminado pela Escola. Apesar de ser uma engrenagem da sociedade, a Escola em seu papel de referência na formação da cidadania, deve fornecer contrapontos e novos horizontes, não se omitindo desta responsabilidade de fornecer subsídios para mudanças. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso acreditar realmente no potencial que o conhecimento crítico possui de mudar e transformar realidades, em outras palavras, é preciso acreditar na capacidade do ser humano de humanizar-se. Sim, acreditar sinônimo de fé e confiança!
Portanto, aos educadores, o pontapé inicial de mudança deve partir de si mesmo, reconhecendo que a estrutura de ensino está montada para receber um aluno ideal, com supostos padrões de desenvolvimento emocional e cognitivo. Quem nunca teve o "alunos dos sonhos" projetado na cabeça? Até que ponto este "ideal" de aluno não nos cega para as muitas possibilidades de produzir saberes a partir das diferenças?
Se alguém ainda espera o alunos dos sonhos, faça o favor de questionar-se: "Será que eu sou a professora dos sonhos?"

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